sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Análise 67: Gauntlet [Arcade]

Depois de um bom tempo sem novas análises no blog, hoje vou falar um pouco sobre um dos jogos mais influentes da década de 1980: Gauntlet. Desenvolvido por Ed Logg e lançado pela Atari Games em 1985 para os fliperamas, é um jogo de ação com visão aérea no qual temos personagens que podem mover-se livremente pelo cenário eliminando hordas de inimigos pelo caminho, formando um estilo que hoje em dia chama-se hack n' slash, em uma clara alusão às principais ações da jogatina: cortar e golpear.



Gauntlet ajudou a sedimentar um subgênero entre os jogos de ação para jogos que priorizam o combate em relação a outros pontos de uma jogatina. Tal estilo de jogo foi decisivo para a formação de inúmeros jogos com forte ênfase em combate, como por exemplo Dynasty Warriors, God of War, Devil May Cry, entre tantos outros, incluindo até mesmo RPGs como Diablo e Dungeon Explorer. Embora seja considerado fundamental para tal segmento de jogos, o design básico de Gauntlet tem influências marcadas de Dandy, lançado em 1983 para Atari 8-bit. Após um pouco de leitura nas referências da Wikipedia, cheguei a uma postagem interessantíssima do site Atari Protos, que me remeteu diretamente a uma das últimas edições da minha Jornada Atari 2600 aqui no blog. Na edição 27 eu falei sobre um título que me surpreendeu muito positivamente: Dark Chambers, que foi simplesmente como jogar Gauntlet no Atari 2600. Um feito impressionante o Atari velho de guerra rodar um clone extremamente bem feito deste clássico do arcade, marcante mesmo. Eis que surgiu a grande surpresa quando descobri que na realidade é Gauntlet que foi o clone de Dark Chambers. Mas Se Dark Chambers é de 1988, como é que Gauntlet lançado em 1985 poderia ser um clone?





De acordo com os autores do Atari Protos, no ano de 1983 o programador John Palevich desenvolveu o já citado Dandy para os computadores da família Atari 8 bit, sendo um dos primeiros jogos na história a oferecer um jogo de ação cooperativo para quatro jogadores simultaneamente. Em 1985, Ed Logg da Atari Games lançou com grande êxito o então inédito Gauntlet para os arcades, usando Dandy como inspiração para a estrutura básica do jogo, ficando realmente parecido com seu influenciador - mesmo que notoriamente mais complexo. Isto gerou uma ação judicial de John Palevich, que foi resolvida extra judicialmente na época. Ainda segundo o Atari Protos, dizem os rumores que na época o sr. Palevich teria ganho uma máquina original de Gauntlet... Mas é apenas um rumor com alta probabilidade de ser inverossímil, embora seja no mínimo curioso. Alguns anos depois, em 1988, a Atari resolveu relançar o Dandy de 1983 para 2600, 7800 e XE, usando dessa vez o nome Dark Chambers, dando o devido crédito ao criador original John Palevich, e assim não houveram mais confrontações entre as partes... No final das contas, Gauntlet foi o jogo que acabou ficando conhecido do grande público e se tornou a base dos jogos hack and slash por décadas até os dias de hoje, embora a franquia original esteja fora da evidência mainstream.


E afinal, o jogo é bom? O visual de Gauntlet tem um jeito sóbrio que encaixa perfeitamente com o tema de explorar um calabouço e seus labirintos. Os personagens estão bem caracterizados e os inimigos têm um nível de detalhe surpreendente para a época de seu lançamento, e o tempo todo a tela está lotada de inimigos se movimentando sem nenhuma perda de velocidade nas animações. O clima é incrementado pelo áudio com uma trilha de tom soturno e cavernoso, complementada por vozes digitalizadas que trazem toda uma autenticidade para a exploração dos labirintos. Controlar os personagens do jogo é sensacional, com comandos simples e movimentação ágil com um timing perfeito de resposta aos comandos, o que significa que nunca se perde por falha no controle.

 



Aqui é preciso explorar os níveis de um calabouço coletando itens e dinheiro. Além da energia do personagem, é preciso monitorar a fome, gerando um senso de urgência nas ações e pressionando o jogador criando um clima de tensão para cada jogatina. É possível jogar em até 4 jogadores simultaneamente, havendo 4 classes disponíveis: guerreiro, mago, valquíria e elfo, cada qual com um estilo de jogo. Dizem que o modo multiplayer é sensacional, porém não pude jogá-lo. Até este momento consegui testar apenas o single player mesmo pela Midway Arcade Treasures do PS2, e realmente não deu para jogar em coop em casa porque não tivemos tempo ainda, infelizmente. Mas está aqui na lista de títulos a jogar. Gostei muito de jogar Gauntlet e a qualidade técnica do jogo me surpreendeu de verdade, considerando a época. O estilo do jogo não envelhece, e o senso de aventura continua fresco como imagino que deva ter sido em 1985.




2 comentários:


  1. Excelente sua pesquisa. Lá no comecinho dos games muitos processos nasciam quase que... espontaneamente, alguns era má fé outros não. Essa relação de God of War com os jogos antigos, especialmente Gauntlet é bem interessante, o jogo é muito simples e muito influenciador ao mesmo tempo. Muito bom, Lucas.

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  2. Sim, é como se existisse uma espécie de linguagem que acaba fazendo certos jogos terem muito em comum e até surgirem gêneros únicos... Gauntlet realmente foi muito influenciador, mesmo que hoje em dia não esteja tão em evidência. Valeu, Ulisses!

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