sábado, 6 de maio de 2017

Jornada Atari 2600 Edição 20: A Busca por um Lugar ao Atari em 1983

Continuando com a caminhada épica da Jornada 2600, ainda vamos falar sobre jogos lançados no ano de 1983 para o Velho Atari. Em meio a muitos clones e variações, é óbvio que tem muita coisa que merece ser lembrada e jogada neste console. Porém, devido ao grande volume de jogos entre 1982 e 83, é de se esperar que muitos títulos sejam cópias de outros mais famosos ou menos conhecidos... Portanto, os jogos que forem "clones" - como ocorre muito com Space Invaders, Pac-man e Defender - vou buscar ser um pouco mais sucinto para evitar que a postagem fique enjoativa ou cansativa. Vamos então conhecer mais jogos de 83...

Começamos nesta edição com Great Escape, que resumidamente é um jogo de nave sem graça de dar dó.Vamos então a algo mais interessante... Halloween é um jogo de aventura bem ambicioso para o Atari. Nele controlamos uma moça que precisa fugir de um assassino com a faca e salvar umas crianças no processo. O jogo é surpreendente por conseguir provocar sustos. Sim senhoras e senhores, uma experiência de terror no Atari 2600. E as mortes são bem violentas, com direito a decapitação e sangue jorrando. É ver para crer. Tem partes do cenário em que as luzes ficam piscando loucamente, para atiçar ainda mais o medo. O jogo fica repetitivo rapidamente, mas tem um impacto muito interessante se comparado aos outros jogos da mesma época. Jogue e se surpreenda. Infelizmente, porém o jogo é raso, mas isso não o impede de impressionar. Harbor Escape é mais um clone, dessa vez de River Raid. Aqui acertaram em cheio. Tem tudo o que faz o original divertido e clássico. Só mudou a temática. Aqui controlamos uma lancha que precisa escapar de um porto- como entrega o título. É meio descarada a cópia, mas ficou muito bem feita, portanto, é divertido. Depois desses bons momentos, chegamos a um nome um tanto estranho: I Want My Mommy é um jogo de plataforma mais ou menos no estilo de Lode Runner no qual o personagem deve fugir de inimigos. Além disso é preciso fazer ligações entre cada plataforma usando diapositivos/pontos de controle no chão e assim chegar ao topo. Porém passamos de fase só ao juntar todos os pontos de acesso. É um joguinho simpático e capaz de divertir, superou minhas expectativas causadas pelo título bobo.



Seguindo com esta safra de 1983, James Bond 007 é um clone de Moon Patrol mas que funciona. Nele, o agente de Sua Majestade controla um veículo de combate capaz de saltar e atirar. É um jogo desafiante e com bons gráficos e bom controle, apenas peca por ser (muito) repetitivo. Keystone Kapers é aquele famoso jogo de polícia e ladrão com gosto de infância - sim, eu nasci em 1990 e não joguei Keystone Kapers na infância, mas eu brinquei muito de polícia e ladrão na rua da casa de minha vó, então esse jogo tem um gosto todo especial para mim. Publiquei uma análise sobre ele aqui no blog ano passado, vejam a postagem para maiores detalhes. Depois destes bons momentos, cheguei a Kool-Aid Man, que é um jogo psicodélico no qual controlamos uma jarra arredondada, daquelas de cafeteira. É meio difícil entender o que está acontecendo, tirando assim qualquer possibilidade de diversão do jogo. Não recomendado... London Blitz é um jogo em primeira pessoa no qual navegamos por um labirinto em que tudo é rigorosamente igual, sem nenhuma variação e sem ação. Assim, London Blitz tem a honra de ser um dos jogos mais parados e sem graça nessa jornada.


Marine Wars é um shooter da Konami que lembra um pouco Space Invaders (sem se encaixar na categoria de clone) mas com navios de guerra. Muito interessante, bem feito e com bons gráficos. Recomendo. Depois, uma sequência de jogos fracos nesse período... Master Builder é um jogo peculiar no qual controlamos um pedreiro  (!!!) Que precisa construir um prédio sozinho (!!!!!!!)... É um jogo meio bugado e desinteressante, mas ganha pontos pela originalidade. Miner 2049er é um jogo de plataforma até interessante, mas eu não sei o que fazer depois de pegar todos os itens da fase e matar os inimigos... então este aqui não deu mesmo. O momento de suplício digital continuou com Mines of Minos que é um jogo de labirinto nada interessante. 


Missile Control é meio cópia de Missile Command mas muito mais punitivo, nem dá tempo de se divertir com ele e já dá game over. Mission 3000 A.D. é um shooter multidirecional estilo Bosconian e Sinistar. Muito bem feito e divertido, mas a falta de um objetivo maior faz com que seja repetitivo e enjoe rápido, diferente dos outros dois jogos que citei comparando. Mogul Maniac é sobre ski na neve com uma visão em primeira pessoa, mas muito lento para ser divertido. Moonsweeper é um shooter osso duro de roer, com o perdão da gíria arcaísta. Tem uma perspectiva interessante e surpreendente, variando entre tiroteio no espaço e na superfície de uma lua - como diz o título.  Um ótimo jogo!


Já fazem algumas edições que venho usando clássicos de arcade que analisei aqui no blog para descrever jogos do Atari 2600, e acredito que isto seja um sintoma negativo da falta de originalidade que assolava os desenvolvedores nessa época. Ressalto que não quero dizer que não credito isto à falta de ideias, mas sim que o hardware disponível e o conhecimento da mídia interativa ainda era limitado. Embora tenham surgido jogos incríveis e divertidos de se jogar até hoje, fica claro que nesse período poucos títulos realmente propunham algo novo, e talvez isso explique a saturação e a crise pelas quais os videogames passaram em 1983. Isso também pode ter sido resultado de uma busca desenfreada por um lugar ao sol na biblioteca do Atari 2600... Eventualmente vou falar sobre isso em alguma publicação futura, mas por ora fecho a vigésima edição da Jornada Atari 2600 com sentimentos mistos sobre os jogos que vimos nesta publicação.

Destaques: Harbor Escape, Keystone Kapers, Marine Wars, Moonsweeper
Piores momentos: Great Escape, Master Builder, Miner 2049er, Mines of Minos, Missile Control, Mogul Maniac.


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