quarta-feira, 13 de abril de 2016

Análise 03: Defender [Arcade]

A Era de Ouro dos Fliperamas.
O jogo de hoje carrega uma importância histórica especial. Comumente citado como um dos precursores do efeito visual de side scrolling nos jogos de videogame, Defender foi lançado para sistemas Arcade (ou fliperama, como eu pessoalmente gosto de me referir a esses jogos) no ano de 1981 pela Williams. Citei o jogo neste blog em outra ocasião na matéria sobre o Sidescrolling 2D. É complexo falar sobre jogos muito antigos com os quais não cresci, ainda mais levando em conta que nasci em 1990. Portanto, este peso não carrega o brilhantismo que teria se fosse escrito por quem jogou na época do lançamento nos fliperamas... Porém, livre da lente nostálgica, creio que a análise será um pouco mais  realista, por assim dizer. Conheci este título por meio de meu interesse histórico ao estudar para escrever sobre a evolução dos jogos. Desta forma, fui atrás de jogá-lo, e aí a experiência começou a ficar interessante.

Esse é o tipo de visual com que sempre fui acostumado.
Para quem cresceu jogando Alex Kidd in Miracle World, Super Mario World, Donkey Kong Country entre outros jogos extremamente bonitos da geração 8-16 bits, este título, assim como outros da mesma época, não são nada impressionantes. Acostumados que somos (pelo menos minha geração de jogadores) a jogos mais bonitos, as imagens do Defender não chamam a atenção, porém ao ver o jogo em movimento, ouvir os efeitos sonoros, e, principalmente, jogá-lo... As impressões mudam completamente.



Mesmo com a experiência sendo diluída em minha análise - utilizei uma coletânea no ps2 e outra no gameboy, sem ter conseguido configurar o mame no pc - Defender apresenta um visual que apesar de extremamente básico, é muito agradável quando em movimento. Trata-se de um jogo de tiros com naves - um shoot 'em up - no qual o jogador controla uma nave espacial na superfície de um planeta sem nome. O objetivo é destruir invasores aliens e ao mesmo tempo proteger astronautas na superfície do planeta, impedindo que eles sejam abduzidos. 

O belo painel de controle, o qual não pude conhecer pessoalmente... :(


Os controles originais do fliperama envolvem uma alavanca que controla a elevação e descida da nave, junto a 5 botões, que servem para controlar a direção do vôo, armas e aceleração hiper-espacial. Este último recurso é emprestado da ficção científica de filmes com Star Wars, fazendo com que a nave seja teletransportada para um ponto aleatório da fase. É um recurso muito divertido e intrigante de se usar, pois a jogabilidade em conjunto com o áudio, traz a sensação de pilotar de fato uma das naves em um filme do Star Wars. Como o teletransporte é aleatório, pode ser que a nave escape de ataques inimigos, porém ela também pode ser transportada para a destruição. Isto acrescenta um fator surpresa e muita imprevisibilidade ao jogo, e mesmo assim a experiência é satisfatória.

Os sons do jogo impressionam pela qualidade, e eu fico imaginando o impacto disto em 1981 em uma máquina de fliperama com o volume do som no máximo. O primeiro videogame inédito da Williams foi revolucionário ao usar na época um microprocessador Motorola 6800 para processamento do áudio em mono, gerando um som de impacto e permitindo tais efeitos. Os tiros e explosões têm efeitos realistas que fazem de fato parecer que o jogador está em um futuro de ficção científica, gerando imersão. Os controles são muito bem definidos, e mesmo usando um controle de PS2 para jogar, me senti satisfeito com a experiência, muito embora eu saiba que a coisa deve ser muito melhor no fliperama em si.




O jogo recompensa o jogador por salvar os humanos e destruir aliens por meio de seu sistema de pontuações, e ao atingir certo número de pontos você adquire mais vidas e mais bombas que são úteis em situações mais críticas. Situações críticas são muito comuns no jogo, e sendo um fliperama, ele exige dedicação do jogador, além de conhecimento da mecânica do jogo e paciência. A experiência é recompensadora, e Defender é extremamente recomendado para os jogadores daquela época, fãs de shooters, ou mesmo quem procura um grande desafio junto a um jogo viciante.



O sistema de pontuações no Defender
Um título jurássico, que vale a pena ser jogado hoje em dia.

Lembrando também que Defender é um jogo bonito em movimento, mesmo que tenha um visual cru, típico das limitações de hardware da época. Diversão pura e simples, fácil de jogar, meio raso até. E não é por diversão que jogamos? Vale a pena ser jogado hoje em dia, e está facilmente disponível para praticamente todas as plataformas existentes. Defender envelheceu muito bem e merece ser melhor lembrado pelos jogadores. Recomendo, no entanto, jogar com um controle arcade em uma televisão ou monitor de tubo, se possível.










Um comentário:

  1. O cenário vetorial é super interessante! Muitas vezes me pergunto como teria evoluído a história dos vídeo-games se graficos "rasterizados" - vulgos sprites - não tivessem dominado nesta época e a coisa tivesse evoluído apenas vetorialmente por certo tempo. Imagine uma multidão de "Out of this world"s rs.
    Não há como não curtir esses clássicos shmups e é sempre muito bom ver que há pessoas, independente da geração, que não deixam a história dos vídeo-games morrer.
    Grande post, como sempre, meu bom amigo!

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